napeR: “O que o cenário precisa ter antes de qualquer rivalidade é respeito”

Naper em ação contra a Bootkamp Gaming (Foto: Facebook).

Conversamos com Camila “napeR” Naper, jogadora da Team oNe Red, uma das organizações de maior prestígio no cenário feminino. Entre os assuntos abordados no bate-papo, falamos sobre o começo da carreira, as dificuldades do cenário e os campeonatos que foram anunciados, porém nunca ocorreram.

Como foi que você começou sua carreira no Counter-Strike? Houve alguma inspiração?

Comecei a minha carreira profissional no meio do ano de 2015 mais ou menos. Não tinha nenhuma inspiração, aconteceu porque eu estava em uma fase muito ruim da minha vida e estava passando muito tempo jogando CS e recebi um convite e pensei: por que não tentar? E estou aqui até hoje!

Você consegue viver somente do CS ou precisa de algo para complementar a renda?

Infelizmente ainda não. Tenho que complementar a renda.

Qual o maior obstáculo hoje para quem deseja viver de CS no Brasil?

Acredito que é a falta de investimento. Principalmente no cenário feminino, temos poucos campeonatos por ano. É complicado.

Acredita que com a regularização dos esports o cenário pode mudar?

Sim, acredito. As empresas se ligariam ao esports de maneira mais profissional e investiriam mais.

E o quanto essa falta de estabilidade e incentivo atrapalha as garotas que querem jogar profissionalmente?

Muito! Ter poucos campeonatos por ano, com premiações baixas e que muitas vezes nem pagam, desanima muito. Inclusive, já pensei em parar de jogar muitas vezes por conta disso, mas o amor pelo jogo e por competir fala mais alto.

O que você modificaria no cenário para que ele pudesse melhorar?

Eu mudaria o modo que as pessoas agem no nosso cenário, principalmente o feminino que não é unido e tem muitas brigas. Mudaria também a questão de poucos campeonatos e premiação. E por que não a regularização também?

As competições femininas prometem ficar ainda mais disputadas nos próximos meses com a volta da ex-Vivo Keyd, atual OpTic Gaming. Você acha que essa “rivalidade” entre as equipes ajuda a alavancar o cenário?

Está mais competitivo sim. Acho a rivalidade boa quando é saudável, mas como disse anteriormente, existem muitas brigas no cenário, exatamente por conta da rivalidade negativa. Acho que a primeira coisa que esse cenário precisa ter antes de qualquer rivalidade é respeito, com qualquer equipe.

Houve a criação da Liga Neon, que prometia revolucionar o CS feminino, porém depois de seu anúncio, não tivemos mais nenhuma posição em relação ao evento. Casos como esse geram desmotivação nas atletas?

Com toda certeza! A Liga Neon havia dado um hype absurdo, pelo menos pro meu time, e quando a gente começou a não ter nenhum posicionamento sobre quando e como, desanimou demais. Mais um campeonato que iludiu a gente (risos).

Dentre os vários torneios que são realizados ao redor do mundo, qual é o que você mais tem vontade de jogar e o que torna esse torneio tão especial na sua visão?

Feminino ou masculino? Se for o masculino, seria o ESL Cologne ou algum Major. Se for feminino, IEM Katowice. O ESL Cologne é insano! E o Major nem precisa de explicação (risos). Quem não quer ter um sticker com a sua assinatura no CS?

E a IEM Katowice é porque é um dos, senão o maior, torneio feminino.

Quais as melhores jogadoras com quem já atuou e o que faz essas jogadoras serem diferentes das demais?

Posso ser clichê e dizer o meu time? (risos). Nat, may, mittens e julih!

Elas são diferentes das demais porque apesar das adversidades do dia a dia de cada uma, todas se dedicam e tem sede de ganhar. Acredito que nosso time tem um ponto de equilíbrio entre agressivo e safe e é isso que nos torna diferentes.

E o nosso time é uma família, a gente se odeia (às vezes, risos), se ama, mas uma está sempre protegendo a outra e querendo o melhor da outra. Quando conquistamos algo, o orgulho que sinto delas e do time é absurdo!

Já joguei em alguns times onde tinham jogadoras realmente boas, como gabs, rntt, annaEX e ahh, por exemplo, mas não vou ficar falando todas porque cada uma tem um fator X que as torna diferentes.

Team One Red
napeR, em primeiro plano, com o restante do elenco da Team oNe Red (Foto: Reprodução/Facebook)
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